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sábado, 30 de março de 2024

Besouro-de-chuquinha, conheça o besouro que ficou famoso na internet


   Há alguns anos atrás uma foto de um besouro desses foi postado nas redes sociais(twitter e facebook), e na época viralizou as postagens nas quais as pessoas batizaram o animal com o nome de "besouro de chuquinha", "besouro Paquita da Xuxa" e até de barata de chuquinha(não é uma barata). Repito: Não é uma barata, não é venenoso e nem peçonhento.
besouro serra-pau(Psygmatocerus wagleri) fotografado na sede da Reserva Particular do Patrimônio Natural Refúgio Jamacaii, Equador, RN, Brasil.

   O animal da foto pertence ao grupo dos insetos(Classe Insecta-mais diversificado da Terra), sendo mais específico ele pertence ao grupo dos besouros(ordem Coleoptera), a família Cerambycidae e a espécie Psygmatocerus wagleri Perty, 1828. O adulto dessa espécie pode atingir 38mm de comprimento e como todos os besouros Cerambicídeos possui peças bucais bem desenvolvidas, apresentando fortes mandíbulas que contribuem para serrar galhos, nos quais as fêmeas depositam seus ovos nas incisões. Por isso, esses bichos são conhecidos vulgarmente como besouro serra-pau, serrador ou toca-viola. Segundo Costa Lima(1955) a larva desse besouro é "broca do óleo vermelho (Myrospermum erythroxylon) e da manga brava(Swartzia langsdorfii)".

   Mas o que chama mais a atenção nesse besouro são suas antenas do tipo "flabelada(antena em forma de leque)", as quais são formadas por vários "ramos", aumentando assim a área de superfície disponível. Isso proporciona por exemplo para ele, melhor percepção da variação de temperatura ou umidade e até no caso do macho detectar feromônios sexuais da fêmea. 

   O besouro serra-pau(Psygmatocerus wagleri) ocorre na América do Sul(Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina), tendo sido confirmado sua presença nos seguintes estados brasileiros: Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Durante as minhas expedições pelo Rio Grande do Norte só observei essa espécie até o momento apenas na Mesorregião Central Potiguar, na RPPN Refúgio Jamacaii em Equador.


Referências
COSTA LIMA, A. Insetos do Brasil. 9.º tomo, capítulo XXIX: coleópteros, 3.ª parte. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Agronomia, Série Didática n. 11, p. 98-99, 1955.

GULLAN, P.J. Insetos: fundamentos da entomologia / P.J. Gullan, P.S. Cranston; Com ilustrações de Karina H. McInnes; Tradução e Revisão Técnica Eduardo da Silva Alves dos Santos, Sonia Maria Marques Hoenen – 5. ed. – Rio de Janeiro: Roca, 2017.

NASCIMENTO, Francisco E. De L., Bravo, Freddy, Monnè, Miguel A. (2016): Cerambycidae (Insecta: Coleoptera) of Quixadá, Ceará State, Brazil: new records and new species. Zootaxa 4161 (3): 399-411, DOI: 10.11646/zootaxa.4161.3.7.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Saracura-três-potes, a saracura mais popular do Brasil

   Ave conhecida popularmente como Saracura-três-potes, Três-potes, Três-coco, Sericóia, Chiricote, entretanto seu nome científico é único, Aramides cajaneus (Statius Muller, 1776).

   A Saracura-três-potes (Aramides cajaneus) é uma ave que pertence à família Rallidae, este é um grupo cosmopolita da qual fazem parte as aves conhecidas como saracura, sanãs, galinhas-d'água, frangos-d'água e carquejas (Sick,2001). Os ralídeos de maneira geral são aves inquietas o que pode ser percebido pela movimentação frequente da cauda curta, mas não são facilmente observáveis devido a sua camuflagem se revelando mais através das suas vocalizações (Sick,2001). Essa espécie atinge cerca de 40cm de comprimento e peso médio de 412 gramas, possui cabeça e pescoço cinzas, bico com porção basal amarelada e a porção distal verde, olhos avermelhados, região dorsal e asas marrom-oliváceo e ventral castanho-ferrugíneo(Sick,2001; Lima,2006; Favretto,2021).

   Aramides cajaneus (Statius Muller, 1776) é a saracura mais conhecida no Brasil devido ao seu grande porte e seu canto grave e alto efetuado geralmente em dueto principalmente nas primeiras horas do dia e após o pôr-do-sol. Vive em regiões pantanosas em meio a vegetação, nas matas as margens de corpos de água como lagos e rios, podendo viver em matas mais úmidas e até distante de porções de água (Antas,2005; Sick,2001). É uma espécie onívora, pois se alimenta de animais invertebrados e também de pequenos vertebrados além de grãos (Antas,2005; Sick,2001). Como tem facilidade em escalar árvores, ela pode predar ovos e até filhotes de outras aves(Sigrist,2009). Espécie monogâmica que pode se reproduzir durante qualquer período do ano, na qual ela constrói seu ninho com folhas e gravetos em forma de tigela sobre arbusto ou no interior da vegetação. Nesse ninho colocam até 7 ovos de cor branca com pintas marrons, os quais são incubados pelos pais por cerca de 20 dias, nascendo os filhotes com plumagem na cor negra(Lima,2006; Favretto,2021). 

   Aramides cajaneus (Statius Muller, 1776) é uma espécie politípica que apresenta nove subespécies reconhecidas e apresenta ampla distribuição nas Américas, ocorrendo desde o México ao norte da Argentina e Uruguai (Lima,2013). Ela é residente no Brasil e ocorre em todos os estados do país, habitando nas regiões alagadas em meio a vegetação e nas matas principalmente as margens dos corpos de água de todos os biomas brasileiros (Antas,2005; Sick,2001; Lima,2013). Ela não está ameaçada de extinção em nível nacional de acordo como o Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção, onde a mesma foi classificada na categoria “LC”-Pouco Preocupante (ICMBio,2018). No Rio Grande do Norte a espécie tem registros confirmados tanto na Mata Atlântica como também na Caatinga e região de transição entre os biomas. 

Referências
Antas, P. T. Z. (2005) Aves do Pantanal. RPPN: Sesc.

Favretto, M. A. Aves do Brasil, vol I: Rheiformes a Psittaciformes. Florianópolis. 2021. 596 p. : il.

ICMBio -Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2018. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: ICMBio. 4162 p.

Lima, L. M. Aves da Mata Atlântica: riqueza, composição, status, endemismos e conservação. 2013. 513f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade de São Paulo, São Paulo. 2013.

Lima, Pedro Cerqueira. Aves do litoral norte da Bahia. – 1 ed. – Bahia: AO, 2006.

Piacentini, V. Q. et al. Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee / Lista comentada das aves do Brasil pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Revista Brasileira de Ornitologia, V. 23, N. 2, p. 91–298, 2015.

Sick, H. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 862p, 2001.

Sigrist, T. Avifauna Brasileira: The avis brasilis field guide to the birds of Brazil, 1ª edição, São Paulo: Editora Avisbrasilis, 2009.

Souza, F.V. Aves observadas em Baía Formosa(Mata Estrela, Fazenda Estrela e Mata da Bela), RN, Brasil. 10/02/2019. Disponível em: https://www.taxeus.com.br/lista/12850 Acesso em: 18 de fev. 2024.

domingo, 10 de dezembro de 2023

Borboleta conhecida como Fogo-no-ar, labareda ou borboleta-flambeau, espécie de grande longevidade

  Borboleta conhecida popularmente como Fogo-no-ar, labareda, borboleta-flambeau ou Borboleta-júlia, entretanto seu nome científico é único, Dryas iulia(Fabricius, 1775). Pertence a família Nymphalidae.

   Essa espécie apresenta de maneira geral coloração dorsal vermelho-arruivado com asas marginadas de preto, pode atingir 80mm de envergadura, sendo os indivíduos machos maiores e mais claros do que as fêmeas.

   A borboleta-flambeau(Dryas iulia) habita matas secundárias, borda de florestas, clareiras, áreas de pastagens e jardins, onde pode ser vista visitando flores por exemplo das plantas Lantana sp. e Eupatorium, se alimentando de néctar e pólen(algo incomum para outras borboletas). Além disso, também inclui em sua dieta sais minerais que absorve do solo, de frutos, da urina e ou lágrimas de alguns animais como jacarés. Supõe-se que essa dieta rica em proteínas e sais minerais é o que proporciona a ela ter maior longevidade em média do que outras borboletas. 

   Após o acasalamento a fêmea oviposita em plantas do gênero Passiflora(maracujá), sendo os ovos de cor variando de amarelo a laranja. Destes surgem as lagartas(fase larval) que comem as folhas do maracujá, as quais passam por 5 estágios antes de empuparem(crisálida) e posteriormente do casulo sairá a fase alada...

 A borboleta-fogo-no-ar(Dryas iulia) é tipicamente neotropical(ocorrendo nas Américas) com distribuição confirmada desde o sul dos Estados Unidos até o norte do Uruguai e Argentina.  Durante as minhas expedições pelo Rio Grande do Norte só observei essa espécie até o momento apenas na Mesorregião Central Potiguar, na RPPN Refúgio Jamacaii em Equador.

Referências
FioCruz. Borboletas e Mariposas. Disponível em: https://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/borboletas2.htm Acesso em 10 de dezembro de 2023.

Geraldo Salgado-Neto. LEPIDÓPTEROS DO BRASIL (Agenda de Campo). Disponível em: https://guiasdecampo.wordpress.com/2010/12/24/lepidopteros-do-brasil-agenda-de-campo-geraldo-salgado-neto Acesso em 10 de dezembro de 2023.

KERPEL, S. et al. Borboletas do Semiárido: conhecimento atual e contribuições do PPBio. Artrópodes do Semiárido: Biodiversidade e Conservação, n. 1999, p. 245–272, 2014.

Labareda, borboleta-flambeau ou borboleta-fogo-no-ar (Dryas iulia alcionea). biodiversity4all. Disponível em: https://www.biodiversity4all.org/taxa/50073-Dryas-iulia Acesso em 10 de dezembro de 2023.

Labareda, borboleta-flambeau ou borboleta-fogo-no-ar (Dryas iulia alcionea). Fauna Digital do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://www.ufrgs.br/faunadigitalrs/labareda-borboleta-flambeau-ou-borboleta-fogo-no-ar-dryas-iulia-alcionea/ Acesso em 10 de dezembro de 2023.

domingo, 20 de agosto de 2023

Larva Mata-porco Perreyia sp., espécie que pode causar intoxicação em animais domésticos...


   Os animais da foto apesar da semelhança com lagartas, não são larvas de borboletas ou mariposas. Eles são a fase larval de insetos parecido com vespas, pertencentes a ordem Hymenoptera, subordem Symphyta, família Pergidae e ao gênero Perreyia. São conhecidos popularmente como Lagarta Mata-porco, Lagarta mata boi, Larva Mata-porco, bicho mata-porco, bicho-da-chuva, lagarta preta ou ruga. 

   Na literatura tem sido relatado intoxicação graves de diversos animais domésticos(porco, gado, ovelhas e cabras) que ingeriram a fase larval desses insetos(Perreyia sp.) acarretando necrose hepática aguda nos animais que comeram essas larvas, culminando até em mortes. De acordo com Camargo,1956 as intoxicações geralmente ocorrem nos meses de maio a julho que corresponde ao período larval do inseto.

   Normalmente observamos essas larvas juntas formando um grande grupo, causando a impressão de um animal maior na tentativa de afugentar seus predadores. Assim, elas após eclodirem dos ovos, se juntam e deslocam-se sobre o solo ou vegetação rasteira como pastagem, principalmente nas primeiras horas da manhã, durante os períodos de maior umidade, alimentando-se da folhagem baixa ou no nível do solo. Após um tempo, elas irão empupar(fase de pupa) e depois tornam-se adultas(fase alada-rara). 
   Durante as minhas expedições pelo Rio Grande do Norte tenho observado essa espécie apenas na Mesorregião Leste Potiguar, nos municípios de Goianinha e Tibau do Sul(Santuário Ecológico de Pipa).

Referências

Camargo O.R. 1956. As larvas "mata-porco" no Rio Grande do Sul. Bolm Diretoria Prod. Anim. 13:18-25.

Jonck, F., Casagrande, R. A., Froehlich, D. L., Ribeiro Junior, D. P., & Gava, A.. (2010). Intoxicação espontânea por larvas de Perreyia flavipes (Pergidae) em suínos no estado de Santa Catarina. Pesquisa Veterinária Brasileira, 30(12), 1017–1020. https://doi.org/10.1590/S0100-736X2010001200003.

Raymundo, DL (2018). Intoxicação espontânea por larvas de Perreyia flavipes (pergidae) em ovinos e bovinos e intoxicação experimental em ovinos e coelhos. Acta Scientiae Veterinariae , 36 (3), 335–336. https://doi.org/10.22456/1679-9216.17325.

sexta-feira, 30 de junho de 2023

Vespa carniceira Agelaia pallipes (Olivier, 1791), a comedora de carniça e de insetos


   Vespa social conhecida popularmente como vespa carniceira, marimbondo-carniceiro, vespa cassununga, caba curumim, papa carne, maribondo-de-peixe, entretanto seu nome científico é único, Agelaia pallipes (Olivier, 1791).

     A vespa carniceira(Agelaia pallipes) é uma espécie fundadora de enxame que vive em colônias de até 16.500 indivíduos, sendo famosa por incluir em sua dieta carniça e até pequenos vertebrados, principalmente filhotes de aves. O nome vespa carniceira tem origem no fato de que se alimenta de carcaças de animais mortos, mas também preda insetos como moscas, mariposas e grilos. Ela é considerada uma espécie relativamente "agressiva", apesar de que estive várias vezes próximo a ninhos dessa espécie e nunca fui ferroado por ela. Como espécie peçonhenta, biomoléculas constituintes do seu veneno vem sendo estudadas, sendo consideradas de interesse biomédico. O ninho dela é do tipo stelocítaro gimnódomo, o qual é numa cavidade(fenda) geralmente de uma árvore ou no solo.

    Agelaia pallipes, a popular vespa carniceira tem ampla distribuição na América do Sul, com ocorrência confirmada na Costa Rica, Venezuela, Guiana, Suriname, Argentina e Brasil, neste sendo encontrada em todas as regiões do país, tanto no interior de florestas como em área abertas.


Referências
Frankhuizen, S.; Lopes, L.; Cunha, F. (2020) Social paper wasp (Agelaia pallipes) predates songbird nestling. Ethology, 126(10): 1004-1006. doi: 10.1111/eth.13076
Hermes MG,Somavilla A 2023. Vespidae in Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil. PNUD. Disponível em: <http://fauna.jbrj.gov.br/fauna/faunadobrasil/30688>. Acesso em: 25 Jun. 2023.
Somavilla A, Oliveira ML, Silveira OT (2012) Guia de identificação dos ninhos de vespas sociais (Hymenoptera, Vespidae, Polistinae) na Reserva Ducke, Manaus, Amazonas, Brasil. Rev Bras Entomol 56(4): 405-414.
VIRGÍNIO, F.; MACIEL, T. T.; BARBOSA, B. C. Novas contribuições para o conhecimento de vespas sociais (Hymenoptera: Vespidae) para Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Entomotropica, v. 31, n. 26, p. 221-226, 2016.

domingo, 7 de maio de 2023

Cana-do-brejo(Costus spiralis), uma erva de muitas utilidades na medicina popular


    Planta conhecida popularmente como cana-do-brejo, cana-de-macaco, cana-do-mato, cana-roxa, cana-roxa-do-brejo, canarana, jacuacanga, caatinga, ubacayá, ubacaia, paco-caatinga e periná. Entretanto seu nome científico é único, Costus spiralis (Jacq.) Roscoe. Ela pertence a família Costaceae.

  A cana-do-brejo(Costus spiralis) é uma espécie de porte predominantemente herbáceo com tamanho variando de 50cm a 2m de altura.  Ela apresenta colmo roliço, folhas alternas(com até 35cm de comprimento e 8cm de largura) de cor verde, inflorescências racemosas em forma de espiga com cerca de 40 flores vermelhas, cada uma em uma bráctea, frutos em cápsulas contendo algumas sementes e raízes rizomáticas(Araujo & Oliveira, 2007; Pimentel, 1994). Ela floresce quase o ano inteiro(varia de acordo com a região do país), sendo uma ótima fonte de néctar para animais como beija-flores que são seus principais polinizadores, mas também é visitada por alguns insetos.


    Na medicina popular á cana-do-brejo(Costus spiralis) é citada na literatura com usos como agente diurético, antimicrobiano,  antifúngico, antioxidante, agente na atividade anti-inflamatória citotóxica e imunomoduladora, além de ser relatado o uso dela no tratamento da diabetes, hipertensão arterial ou distúrbios do ritmo cardíaco principalmente por populações nativas da Amazônia.

   A cana-do-brejo(Costus spiralis) é uma espécie nativa(não é endêmica do Brasil) que vive em diversos tipos de vegetação como por exemplos na Floresta ciliar, Floresta Ombrófila, Restinga e Floresta de Terra Firme, ocorrendo em todas as regiões do Brasil  nos biomas Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal. 

   Durante as minhas expedições pelo Rio Grande do Norte tenho observado essa espécie apenas na Mesorregião Leste Potiguar, principalmente nas proximidades de riachos no município de Baía Formosa.

Agradeço a Nilce Bravo pela ajuda na identificação em nível de espécie.


Referências
André, T. Costaceae in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB110658>. Acesso em: 07 mai. 2023.

Araújo FP, Oliveira PE. Biologia floral de Costus spiralis (Jacq) Roscoe (Costaceae) e mecanismos para evitar a autopolinização. Rev. Bras. Bot. 2007; 30(1): 61-70. ISSN: 0100-8404.

Coelho-Ferreira, M. ; LAMEIRA, O. A. ; MEDEIROS, A. P. R. ; BARBOSA, R. K. C.. Costus spiralis - Canarana. In: Lidio Coradin; Julcéia Camillo; Ima Célia Guimarães Vieira. (Org.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro: região norte. 53ed.Brasília: MMA, 2022, v. , p. 1041-1046.

Duarte RC, Andrade LA, Oliveira T. REVISÃO DA PLANTA COSTUS SPIRALIS (JACQ.) ROSCOE: Pluralidade em propriedades medicinais. Rev Fitos [Internet]. 9º de janeiro de 2018 [citado 7º de maio de 2023];11(2):231-8. Disponível em: https://revistafitos.far.fiocruz.br/index.php/revista-fitos/article/view/486

Pimentel, A.A.M.P. Cultivo de plantas medicinais na Amazônia. Belém: FCAP, 1994. 114p.

domingo, 26 de março de 2023

Encontro-de-ouro, ave de canto harmônico e boa imitadora

  Ave conhecida popularmente como Encontro-de-ouro, Canto-de-ouro, Encontro, Xexéu-de-bananeira, Pega, Primavera e Soldadinho. Entretanto seu nome científico é único, Icterus pyrrhopterus (Vieillot, 1819).

   Essa espécie pode atingir cerca de 21cm de comprimento total e peso médio de 31 gramas, possui corpo delgado de coloração negra com faixa amarela na área de encontro entre a asa e o corpo, cauda longa e bico fino. 

   O Encontro(Icterus pyrrhopterus) é uma ave onívora, pois a mesma alimenta-se de invertebrados( ex.: cupins, baratas, formigas, vespas, gafanhotos, besouros e etc), frutos, flores( ex.: Ipês e Mulungu), néctar e seiva. Essa espécie pode ser observada sozinha, aos casais e eventualmente em bandos. Curiosamente é conhecida pelo seu belo canto, mas também é capaz de imitar chamados de outras aves, como por exemplo anu-branco e gavião-carijó. Ela é capturada e comercializada de maneira ilegal como animal de estimação, ou seja, suas populações principalmente na região do Nordeste Brasileiro, sofrem o impacto da cultura de criação em gaiolas.

   O período reprodutivo geralmente é entre outubro e abril, onde cada casal constrói seu ninho com fibras vegetais, este se assemelha a uma bolsa e fica pendente em um galho de uma planta. Ali a fêmea põe uma média de 3 ovos que são incubados durante cerca de 15 dias, em seguida há eclosão dos filhotes, os quais geralmente ficam até 15 dias no ninho sendo alimentados pelos pais.

   Espécie residente, semi-dependente de ambientes florestais, a qual habita em florestas, bordas de matas, áreas abertas arborizadas, sendo observada também em áreas rurais. O Encontro(Icterus pyrrhopterus) ocorre na Bolívia, Paraguai, Argentina e Brasil, onde ocorre em todas as regiões do país, exceto na maior parte da região Norte(Amazonas, Pará, Amapá, Roraima e Acre). Ela não está classificada como espécie ameaçada de extinção em nível nacional. Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, tenho observado essa espécie nas mesorregiões Leste Potiguar, Agreste Potiguar, Central Potiguar e Oeste Potiguar.


Referências
Adriano Rodrigues Lagos ... [et al.] . Guia de aves: da área de influência da Usina Hidrelétrica de Batalha. Rio de Janeiro : FURNAS, 2018.

Favretto, Mario Arthur. Aves do Brasil, vol. II: Passeriformes. Florianópolis : Mario Arthur Favretto, 2023.

ICMBio -Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2018. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: ICMBio. 4162 p.

PACHECO, J.F.; Silveira, L.F.; Aleixo, A.; Agne, C.E.; Bencke, G.A.; Bravo, G.A; Brito, G.R.R.; Cohn-Haft, M.; Maurício, G.N.; Naka, L.N.; Olmos, F.; Posso, S.; Lees, A.C.; Figueiredo, L.F.A.; Carrano, E.; Guedes, R.C.; Cesari, E.; Franz, I.; Schunck, F. & Piacentini, V.Q. 2021. Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee – second edition. Ornithology Research, 29(2). https://doi.org/10.1007/s43388-021-00058-x 

PICHORIM, Mauro et al. Guia de Aves da Estação Ecológica do Seridó. Natal: Caule de Papiro, 2016.

PICHORIM M, Oliveira DV, Oliveira-Júnior TM, Câmara TPF, Nascimento EPG (2016) Pristine semi-arid areas in northeastern Brazil remain mainly on slopes of mountain ranges: a case study based on bird community of Serra de Santana. Trop Zool 29:189–204. https://doi.org/10.1080/03946975.2016.1235426

POLICARPO, I. da S. Uso de aves silvestres no Brasil: aspectos entomológicos e conservação. 2013. 67f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2013.

SAGOT-MARTIN, F.; Lima, R.D.; Pacheco, J.F.; Irusta, J.B.; Pichorim, M. & Hassett, D.M. 2020. An updated checklist of the birds of Rio Grande do Norte, Brazil, with comments on new, rare, and unconfirmed species. Bulletin of the British Ornithologists’ Club, 140(3): 218-298.
SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 2001. 863p.

SILVA, M. da et al. Aves de treze áreas de caatinga no Rio Grande do Norte, Brasil,. Revista Brasileira de Ornitologia. n.20, p.312-328, 2012.

SOUZA, Francisco V. & DANTAS,J.; Aves em Equador, RN, Brasil. 11 e 12 de maio de 2019.  Disponível em: https://www.taxeus.com.br/lista/13520 Acesso em 19 de mar. de 2023.

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Cipó-verdadeiro Dolichandra quadrivalvis (Jacq.) L.G.Lohmann; flora potiguar


   Planta pertencente a família Bignoniaceae, da qual também fazem parte por exemplos, a Craibeira e o Ipê-roxo. Ela(foto) é conhecida popularmente como Cipó-verdadeiro ou Unha-de-gato, enquanto que seu nome científico válido atualmente é Dolichandra quadrivalvis (Jacq.) L.G.Lohmannv.  
  Uma trepadeira(liana) que apresenta folhas opostas com 2 a 3 folíolos, sendo o folíolo terminal modificado em gavinha trífada, parecendo uma "garra", daí o nome vulgar unha-de-gato. Essa liana se destaca durante a sua floração devido a beleza de suas flores amarelas(pétalas) longas, o que lhe caracteriza como espécie ornamental.
   Unha-de-gato(Dolichandra quadrivalvis) é uma espécie nativa com ocorrência confirmada na América do Sul e Central, sendo encontrada em todo Brasil nos biomas Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica e Pantanal.
   Durante as minhas expedições pelo Rio Grande do Norte só observei essa espécie até o momento apenas na Mesorregião Central Potiguar, na RPPN Refúgio Jamacaii em Equador.

Agradecimento ao amigo Alexandre Zuntini que ajudou na identificação em nível de espécie.

Referências

Fonseca, L.H.M. Dolichandra in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB113316>. Acesso em: 04 fev. 2023.

Lemos. J, R; Zappi. D, C. Distribuição geográfica mundial de plantas lenhosas da Estação Ecológica de Aiuaba, Ceará, Brasil. In.: R. bras. Bioci., Porto Alegre, v. 10, n. 4, p. 446-456, out./dez. 2012.

Mattos, Juliana Ribeiro de; Lohmann, Lúcia G. & Coelho, Marcus A. Nadruz . Bignoniaceae, cultivada no arboreto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro : a família do ipê [livro eletrônico]. 1. ed. – Rio de Janeiro : Vertente edições, 2019. pdf.

domingo, 15 de janeiro de 2023

Borboleta Chlorostrymon simaethis (Drury, 1773); fauna potiguar

 

borboleta Chlorostrymon simaethis (Drury, 1773) fotografada em borda de fragmento florestal no campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN.

   A borboleta da espécie Chlorostrymon simaethis (Drury, 1773) pertence a família Lycaenidae. Suas asas apresentam de maneira geral cor roxa com iridescência na região dorsal nos machos, enquanto as fêmeas são cinzas em cima. Porém a região ventral de ambos os sexos é verde-oliva e possui uma faixa prateada pós-mediana contra uma área marrom-acinzentada. Além disso, é notável a presença de um par  de cauda nas asas posteriores.

   Chlorostrymon simaethis (Drury, 1773) pode ser encontrada por exemplo, em clareiras ou bordas de florestas subtropicais, apresentando a mesma distribuição pelas América do Norte e do Sul.

Referências

Butterflies and Moths of North America. Silver-banded Hairstreak Chlorostrymon simaethis (Drury, 1773). Disponível em: https://www.butterfliesandmoths.org/species/Chlorostrymon-simaethis Acesso em 15 de jan. 2023.

Gbif.org . Chlorostrymon simaethis (Drury, 1773). Disponível em: https://www.gbif.org/pt/species/1923679 Acesso em 15 de jan. 2023.

Steven J. Cary and Michael E. Toliver. Butterflies of New Mexico: The Gossamerwings II: The Hairstreaks (Lycaenidae: Theclinae). Chlorostrymon simaethis (Drury 1773) Silver-Banded Hairstreak. 2022.  Disponível em:  https://peecnature.org/butterflies-of-new-mexico/hairstreaks-lycaenidae-theclinae/ Acesso em 15 de jan. 2023.

sábado, 3 de dezembro de 2022

Cumichá-branco(Allophylus edulis), planta de múltiplos nomes e muitas utilidades


   Planta conhecida popularmente como Cumichá-branco, amarelinho, baga-de-morcego, baga-de-pombo, fruto-de-pomba, fruta-do-pombo, fruta-de-pavão, fruta-de-faraó, fruto-do-rei, olho-de-pombo, pau-pombo, pau-de-pedreira, chala-chala, chal-chal,  chao-chao, chel-chel, cuncum, beira-campo, grão-de-galo, murici-brava, murta-branca, murta vermelha, perta-cu, três-folhas, vela-branca, vacum, vacunzeiro e visgueiro. Entretanto seu nome científico é único, Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Hieron. ex Niederl.. Pertence a família Sapindaceae.

   Cumichá-branco(Allophylus edulis) é planta de porte arbustivo a arbóreo, podendo ser encontrada com grande variação de tamanho, de 1m até 17 de altura. Ela possui folhas(medindo de 3,5 a 12 cm de comprimento e 1 a 4 cm de largura) trifolioladas distribuídas por todo o ramo, inflorescências axilares, não ramificadas, com flores brancas, branco-amareladas ou branco-esverdeadas medindo de 3 a 6 mm de comprimento. Seus frutos variam de cor conforme o estágio de maturação, variando de verde-escuro e amarelo-laranja ao vermelho-vivo, quando maduros.

   A Cumichá-branco(Allophylus edulis) já foi observada com flores ou frutos em todos os meses do ano. Suas flores são melíferas atraindo espécies de abelhas e outros insetos, enquanto seus frutos servem de alimento para muitos animais, especialmente pássaros, e também são comestíveis para o ser humano. A partir da fermentação dos frutos associado com milho, nativos do Peru produzem uma bebida vinosa conhecida como chicha. A sua madeira  pode ser empregada em uso interno pela marcenaria, na fabricação de cabos de ferramentas, esteios e mourões. Essa espécie apresenta importância ornamental podendo ser usada em projetos de arborização urbana, além de ser indicada para projetos de reflorestamentos heterogênios. Conforme revisão de literatura etnofarmacológica de acordo com medicina popular,  a infusão das folhas é utilizada no tratamento de diabetes, inflamações de garganta, e problemas intestinais e digestivos. Ainda há relatos conforme a medicina tradicional de que folhas em cozimento são utilizadas no tratamento de feridas e também contra hipertensão(Trevisan,2015). [ Não recomendamos o uso de medicamentos tradicionais sem avaliação de um médico] .

   Allophylus edulis é uma espécie nativa que ocorre em todos os biomas(Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal) ou domínios fitogeográficos do Brasil, tendo sido registrada em todas as regiões do país. Sua distribuição geográfica ainda estende-se por países como Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Durante as minhas expedições pelo Rio Grande do Norte tenho observado essa espécie apenas na Mesorregião Leste Potiguar, como por exemplo, em Parnamirim e em Natal.~

Referências
ABREU, Daniela Cleide Azevedo de et al. Caracterização morfológica de frutos, sementes e germinação de Allophylus edulis (St.-Hil.) Radlk. (Sapindaceae). Revista Brasileira de Sementes [online]. 2005, v. 27, n. 2 [Acessado 3 Dezembro 2022], pp. 59-66. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0101-31222005000200009>. Epub 23 Jan 2006. ISSN 0101-3122. https://doi.org/10.1590/S0101-31222005000200009.
CARVALHO, Paulo Ernani Ramalho. Espécies arbóreas brasileiras-Vacum Allophylus edulis volume 2. Embrapa Florestas, 2008.
COELHO, Rubens Luiz Gayoso. Estudos sistemáticos das espécies neotropicais de Allophylus L. (Sapindaceae). 2014. 449 p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1623553. Acesso em: 3 dez. 2022.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. Volume 1.
MACÊDO, B. R. M.; LISBOA, C. M. C. A.; CARVALHO, F. G. Diagnóstico e diretrizes para a arborização do Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Revista Brasileira da Sociedade de Arborização Urbana. Piracicaba, vol 7. n. 1, pp. 35-51, 2012.
POLESI, R. G.; Rolim, R.; Zanetti, C.; Sant’Anna, V.; Biondo E. Agrobiodiversidade e segurança alimentar no Vale do Taquari, RS: Plantas alimentícias não convencionais e frutas nativas. Revista Científica Rural, v. 19, n. 2, p. 118-135, 2017.
TREVIZAN, Lucas Noboru Fatori. Composição química e avaliação sequestradora de radical livre do óleo essencial de Allophylus edulis Raldk. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Biotecnologia) – Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS, 2015.